Inspirados pela luta contra as ameaças das mineradoras no município de Ipaporanga e em toda a região do sertão do Inhamus, cerca de 400 pessoas se reuniram na Assembleia Popular da Mineração, realizada na comunidade Lagoa do Barro, em Ipaporanga (CE) para discutir e refletir sobre as ameaças de terem seus territórios ameaçados e invadidos pelas mineradoras.

A Assembleia, realizada no dia 11 de novembro, foi marcada por vários debates e manifestações culturais, pela partilha do saber popular, pelas inúmeras experiências de resistência das várias comunidades e municípios e pela necessidade de fortalecer a luta em função da defesa do território camponês, especialmente a batalha travada entre o povo organizado e a ameaça de instalação de uma mineradora de ferro em Ipaporanga.

Ícaro Morais, um adolescente de 13 anos, chamou a atenção de todos para as falsas promessas da mineração. Segundo ele, a exemplo Nauru, uma ilha na Ásia que viveu o auge do desenvolvimento, com a exploração de minério e hoje depende de ajuda internacional depois que as mineradoras deixaram só os buracos e a terra improdutiva, o povo de Ipaporanga precisa olhar as riquezas que possui e como elas podem gerar qualidade de vida de forma infinita se os bens naturais forem bem cuidados.

A Assembleia Popular da Mineração foi organizada pelo MAM e MDV. “A assembleia foi apenas um momento coletivo e que dará norte para trilharmos novos caminhos de lutas concretas no enfrentamento a indústria mineral”, destaca Erivan Silva, da coordenação nacional do MAM.

“O que nos faz resistir a cada dia é tudo o que temos aqui, a Serra os Olhos d’água, somos homens e mulheres na perspectiva de que dias melhores virão sem a necessidade desse desenvolvimento destruidor”, ponderou Erionauda Lopes, representando do MDV.

Já o prefeito, Toinho Contábil, disse que é sensível à causa popular, e após tomar conhecimento das mazelas causadas pela mineração já tomou algumas providências legais, como aprovação de projeto de lei que proíbe a instalação de qualquer mineradora no território de Ipaporanga, e acrescentou, “não se pode ter uma atividade econômica rentável e ao mesmo tempo destruidora e insustentável para o nosso município”.

Participaram da atividade moradores das comunidades Lagoa do Barro, Estreito, Mundo Novo, Pau D’árco, Lembrada, Lagoa do Peixe, Bom jardim, Mulungu, Água Branca, Sitio Araras, Ribeiro, Torrões e sede do município, além de representantes de Veremos, município de Ararendá e das seguintes entidades e movimentos: Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM, Comissão Pastoral da Terra – CPT, Movimento dos trabalhadores/as Rurais Sem Terra – MST, Movimento em Defesa da Vida – MDV, Secretarias de governo de Ipaporanga, escolas municipais, Conselho Municipal de Meio Ambiente – CONDEMA, Frente Social cristã, Cáritas de Crateús, Sindicatos de Trabalhadores/as Rurais de Ipaporanga e Crateús, Instituto Bem Viver – IBV, a paróquia de Ipaporanga e igrejas evangélicas, associações comunitárias, Câmara dos Vereadores e o prefeito municipal Toinho Contábil.

“Se antes da Assembleia Popular da Mineração já acreditávamos que só o povo organizado é que tem o poder para dizer não a indústria da mineração, depois que a realizamos temos a certeza que este povo estará vigilante e jamais arredará o pé da luta para ter o seu território livre. Assim, foi refletido que no território do povo será preservado as fontes de águas, as tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, a cultura popular, os modos de vida camponês, a transição agroecológica como novo jeito de fazer agricultura, a educação do campo que reflete e contextualiza a realidade, a preservação da paisagem entre a serra e o sertão de Ipaporanga livre de qualquer ameaça e sim patrimônio do povo”, finalizou Erivan Silva.

Comunicação MAM – CE