O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) celebra uma década de compromisso com a questão mineral no Brasil, enfrentando desafios e buscando soluções para fortalecer a organização popular. Neste contexto, o Coletivo de Produção do MAM surge como uma iniciativa vital para discutir e avançar em questões fundamentais como qual modelo de mineração desejamos, as possibilidades de construção em nossos territórios e a organização dos potenciais econômicos de nossa base.
Durante o Seminário Mineração, Saúde e Ecossistema, realizado na Câmara Federal, realizado em Brasília no dia 22 de maio deste ano, foi lançada a cartilha: Agroecologia e Mineração – Caderno 1. Esta cartilha é fruto do projeto “Vigilância e Educação em Saúde no Contexto da Mineração no Sudeste Paraense”, realizado pelo MAM em parceria com a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e como parte do projeto nacional “Abordagens sobre o Impacto Socioambiental da Mineração” colaborativo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ela visa contribuir na construção de núcleos de produção e de base sendo uma ferramenta de enfrentamento à hegemonia da produção mineral e do agronegócio no Brasil.
A publicação destaca a importância histórica da agricultura, praticada há 10 mil anos, e como esta transformou a natureza e a cultura humana. No entanto, a chegada do capitalismo perturbou a relação cooperativa entre o ser humano e a natureza, transformando alimentos e sementes em mercadorias visando lucro.
Para Erivan Silva, do coletivo nacional de produção do MAM, o meio ambiente é meio de tudo que há vida. Os territórios e suas diversidades são partes significativas da vitalidade do ambiente.
“A agroecologia é a práxis que coloca em movimento o saber popular e científico tendo em vista a produção de alimentos saudáveis e a preservação da natureza. Nessa conjuntura de mudanças climáticas, a agroecologia é uma das principais ferramentas ou alternativas tanto para esfriar e/ou alimentar o planeta na perspectiva da soberania alimentar!”, complementa Silva.
A Agroecologia é apresentada como uma alternativa sustentável à agricultura convencional, promovendo práticas ecológicas, diversidade de cultivos e soberania alimentar. Ela valoriza o conhecimento tradicional e busca uma interação mais saudável com o meio ambiente, também promovendo a participação ativa das juventudes e comunidades tradicionais nos territórios.
A interdependência entre agronegócio e mineração é discutida, ressaltando os impactos negativos da mineração. A Agroecologia pode integrar práticas como o uso de remineralizadores de solo para fortalecer a fertilidade e regenerar biomas, propondo um manejo mais equilibrado do território.
A cartilha incentiva a ação coletiva e a organização popular para promover práticas agroecológicas e construir uma sociedade baseada na solidariedade e respeito à natureza.
Para Luiz Paulo Siqueira, biólogo e dirigente nacional do MAM, “a proteção da natureza com produção de alimentos saudáveis somente será viável através da agroecologia e fortalecimento da agricultura camponesa”. Essa é uma pauta que tem de ser prioridade na luta popular, ela é central para derrotar o projeto do capital que visa a mercantilização do conjunto dos bens naturais”.
Movimento pela Soberania Popular na Mineração.
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