Posicionamento do MAM sobre as Eleições 2018

Vivemos tempos de profundos golpes e avanços das forças conservadoras contra as forças populares no Brasil. A sanha do capital internacional em crise para se apropriar dos bens da natureza, da mais valia social e do patrimônio do povo brasileiro (Petrobrás, Caixa Econômica, BNDES e outros) conduz a burguesia brasileira a se reorganizar no bloco do poder e, para isso, precisam ter o controle do Estado na sua totalidade para se adaptar à nova configuração exigida pelo capital internacional. As forças dirigentes do golpe são a burguesia internacional e a burguesia brasileira, que tem como principais instrumentos de condução dos seus interesses o Parlamento, a Rede Globo e a grande mídia, o Judiciário e a Polícia Federal.

As eleições se tornam para a burguesia no Brasil o espaço ideal para legitimar o golpe nas urnas e articular o Estado puramente contra o povo. Para isso, precisam de um Estado autoritário, que se manifestou explicitamente na prisão e impedimento do maior líder popular da história brasileira – Luiz Inácio Lula da Silva – de disputar a eleição presidencial, já que este era a grande esperança do povo brasileiro para barrar os retrocessos em curso. O outro desafio por parte da burguesia era construir uma alternativa que capitaneasse os interesses populares e garantisse a vitória do projeto conservador nas urnas de 2018.

Neste aspecto a burguesia não obtém êxito pleno, pelo contrário, esse processo é permeado de contradições, no entanto, os riscos e problemas que as forças populares devem enfrentar nos próximos períodos são extremamente adversos.

Na disputa imediata das eleições, o candidato inicialmente preferido do capital internacional e burguesia associada – Geraldo Alckmin, do PSDB – não decolou. Porém, o bombardeio da mídia burguesa contra a esquerda, tendo como principal narrativa a corrupção e a instrumentalização das mídias sociais para a fascitização das ideias, articulam uma força social composta por setores médios mobilizados pelo discurso antipetista, Além disso, conquistam setores da classe trabalhadora diante do aprofundamento da crise, que acabam atuando também na disseminação e reprodução das ideias fascistas. Associado aos erros cometidos pela esquerda no último período, a candidatura de Jair Bolsonaro ganha força e chega como representação do projeto anti nação e anti povo no segundo turno.

Pelo lado das forças populares, a memória coletiva lulista, com destaque para o Nordeste, garantiu uma importante resistência que conduziu Haddad ao segundo turno, configurando dois projetos distintos em disputa: O projeto do ódio e da morte; e o projeto da vida e da democracia.

O projeto de ódio e de morte se expressa na candidatura de Jair Bolsonaro e o seu vice General Hamilton Mourão. As propostas defendidas por estes candidatos que ganham força na sociedade brasileira em uma situação de profunda crise econômica, política, social e ambiental correspondem aos interesses e características da classe dominante brasileira – capitalista, racista e patriarcal. São nestes momentos que se apresentam

abertamente Estados Pré-fascistas, como nos alertou Florestan Fernandes, onde o inimigo da ordem e do progresso é o povo.

O que está em jogo, é a nossa frágil democracia fruto de intensas e longas lutas populares. O que está em jogo é a vida do povo que perde seus direitos históricos, em especial dos lutadores e lutadoras populares que neste momento estão ainda mais vulneráveis frente ao avanço conservador que naturaliza a violência, o ódio e a morte. O que está em jogo é a nossa soberania, que essas forças deve ser suplantada em qualquer possibilidade histórica de existência, através da entrega dos bens da natureza e dos mecanismos indutores de desenvolvimento nacional.

Por outro lado, temos o projeto da vida e da democracia que se expressa na candidatura de Haddad e Manuela, que reivindica as políticas adotadas por Lula e Dilma que melhoraram a vida do povo brasileiro com distribuição de renda e garantia de condições de dignidade a um povo que historicamente foi excluído da política, com o fortalecimento da democracia, participação popular e as condições para o exercício da soberania.

São projetos amplamente distintos, de um lado a barbárie e de outro lado a possibilidade do povo avançar rumo a liberdade e o exercício pleno da vida e humanidade. De um lado o fascismo, de outro ideais democráticos.

O que está em risco é uma ameaça ainda maior à vida de todas as populações tradicionais no Brasil e das comunidades em conflito com os projetos de mineração. Bolsonaro é apoiado pela Frente Ruralista, por empresas que produzem armas, por madeireiros e empresas de mineração. Bolsonaro e seu vice, o general Hamilton Mourão, se colocam frontalmente contra a demarcação de terras indígenas e territórios quilombolas. Defendem também a redução das Unidades de Conservação e o fim do Ministério do Meio Ambiente. O que está colocado é uma ameaça jamais vista às populações tradicionais e aos biomas brasileiros. A lógica do saque dos recursos, passando por cima de tudo, de todos e de todas, prevalecerá. E teremos consequências terríveis, com aumento de conflitos e assassinatos de lideranças populares que se coloquem contra este projeto de morte.

Não estamos em uma disputa eleitoral como outra qualquer. Estaremos decidindo no dia 28 de outubro o futuro da nossa democracia, soberania e da nossa liberdade. Para o Movimento Pela Soberania Popular na Mineração – MAM, o exercício da soberania não é possível sem a condição de levarmos a frente um Projeto Popular para o Brasil. O Projeto Popular, assim como a soberania popular precisa do fortalecimento da luta e das liberdades democráticas. Sabemos que os nossos problemas não serão resolvidos nas urnas, pelo contrário, a vitória eleitoral de Haddad nos colocará outra frente de batalha para garantia da posse e de um futuro governo popular. No entanto, sabemos que a derrota será um profundo retrocesso contra o nosso povo e contra a soberania. E o aumento do risco de vida para os lutadores e lutadores sociais, e para as comunidades em conflito com a mineração em todo o Brasil.

Por isso, convocamos a nossa militância a se dedicar em todas as nossas frentes de batalha pela eleição de Haddad/Manuela, na luta contra o fascismo e com a convicção de que a batalha será longa, mas que a vitória será popular. Avante companheiros e companheiras!

Confiamos na história e na capacidade de luta do nosso povo, de construir o novo, que será de vida, amor e liberdade.

Haddad/Manuela/Lula 13

Pátria Livre, venceremos!

Por um pais soberano e sério, contra o saque dos nossos minérios!