Para responder essa pergunta é preciso pensar a posição geográfica de Barcarena. O município fica na desembocadura de um grande estuário, praticamente em forma de golfão amazônico. Neste lugar a uma formação de duas baias a partir da foz de pelo 04 grandes rios. O Pará, tocantins, acará e o Capim As baias do Marajó e do Guajará fazem parte de um grande estuário – um ambiente aquático de transição entre um rio e o mar. Um estuário sofre a influência das marés e apresenta fortes gradientes na característica da água, variando de doce próximo da sua cabeceira, águas salobras, e águas marinhas próximo da sua desembocadura. A aguá nessa região compõe uma grande bacia de drenagem que se apresenta um perfil geomorfológico que vai de uma área mais alta nas cabeceiras e até mais baixas na desembocadura (abaixo do nível do mar). Então, a hipótese é que o movimento das aguas durante o período chuvoso pode agravar o processo de contaminação em direção a Belém, já que nesse período a oxigenação da água e por isso o deslocamento de nutrientes, partículas e substâncias se dinamiza ainda mais. Isso tudo em direção a porção insular da capital que é composta de 40 ilhas com uma eminentemente ribeirinha que se apropria da agua seja na forma direta do rio ou mesmo das águas subterrâneas através dos poços. Isso sem falar na contaminação do meio biótico como a fauna e flora (especialmente os peixes base nutricional de nosso povo e o açaí uma das principais alimentos da região )

Estes elementos apontam para algumas necessidades para a pesquisa nesta região. A necessidade de espacializar o fenômeno. Por isso a ciência geográfica é importante neste debate. Urge uma pauta de pesquisa interdisciplinar capaz gerar mapas e entender a dinâmica da indústria mineradora nesta região. O pólo industrial de Barcarena faz parte do Projeto Grande Carajás que vem se territorializando desde o final de 1970 no Pará e de 1980 na região de Barcarena. Essas empresas se instalaram num contexto em que a preocupação ambiental era incipiente. Não se precisava, para sua instalação, EIA/RIMA o que deixou fluido o territorial para que essas empresas pudessem fazer o quisessem durante a ditadura civil militar. É preciso uma grande auditoria ambiental neste polo industrial de Barcarena para corrigir possíveis distorções. Outro elemento importante é criar mecanismo de controle popular sobre a industria mineradora. Neste sentido o MAM propõe instalação imediata de Conselhos envolvendo a sociedade civil para se dabater as causas e consequencias da mineração para o território. Outro elemento importante para pensarmos os rios são comitês gestores de bacias hidrográficas. Um mecanismo importante de gestão que envolve vários setores da sociedade. Então temos os maiores rios do mundo e nenhum comitê institucionalizado. Esse crime ambiental da hydro vem exatamente num contexto de debate sobre o novo Código mineral onde a tendência é afrouxar ainda mais o território para as empresas de mineração com a transformação do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral numa agência reguladora, que sabemos acaba não regulando nada.